Desde a mais longínqua antigüidade o ser humano sempre tentou alcançar as benesses de seres superiores, seus deuses, através de presentes que julgavam ser do agrado destes.
Sem entrar muito profundamente na história de cada religião, podemos ver alusões a oferendas, inclusive com matança de animais até mesmo no chamado Antigo Testamento, tendo sido inclusive o fato de Jeová não ter aceito a oferenda de Caim tão bem quanto aceitou a de Abel o que desencadeou no ciúme, inveja e posterior assassinato de um pelo outro.
É certo também que com o passar dos tempos, muitos hábitos antes tidos como fundamentais, foram se modificando em todas as Religiões e Seitas, baseados na pressuposição de que não teriam real fundamento porque o Deus que procuravam não poderia mais ser ligado a presentes materiais como os que então eram oferecidos.
Aprendemos que se entidades que não chegam a serem deuses, por não terem alcançado um nível evolutivo maior, já não se prendem às coisas materiais, que dirá um Deus ou mesmo um "Orixá", seja ele quem for. Por que então as oferendas na Umbanda? Por acaso não seria para alcançar as benesses dos Orixás e do próprio DEUS? Sabendo que os Orixás são irradiações puras do criador e não necessitam dessas oferendas, então quem realmente as recebe? Quem as recebe são entidades conhecidas como Elementais da Natureza, também conhecidos por Espíritos da Natureza.
Os Elementais podem ser compreendidos, sob uma definição laica, como seres, criaturas físicas ou espirituais, que habitam os quatro reinos da natureza (água, fogo, terra e ar) e podem exercer influência sobre os seres vivos. Elementaistambém é o nome dado em algumas religiões a todo e qualquer espírito existente na natureza segundo a crença no “Animismo”1. Também são conhecidos como personagens fictícios, que representam a natureza e que seriam capazes de controlar seus elementos e os representar. São eles:
· Silfos – os elementais do ar;
· Salamandra – os elementais do fogo;
· Ondinas – os elementais da água;
· Gnomos – os elementais da terra.
O trato com Elementais pode ser perigosíssimo para os que não sabem se precaver, e é por isso mesmo que na Umbanda, o trato com esses seres é feito através daqueles que realmente sabem e podem, com segurança, determinar junto a eles as diretrizes desse ou daquele trabalho. Não é que seja tão difícil entrar em contato com eles, o problema está, principalmente, na tendência dos humanos quererem fazer desses seres os seus "geninhos particulares", pensando que são mais inteligentes e podem comprá-los com as oferendas que colocam em certos lugares sem se preocuparem com mais nada. Em casos assim eles podem transformar-se em obsessores difíceis de serem afastados.
Que fique bem claro que os Elementais são amplamente utilizados em trabalhos de magia tanto positiva quanto negativamente por entidades astrais. Quando uma entidade pede uma oferenda para a realização deste ou daquele trabalho, pode estar certo de que a menos que ela seja um "quiumba", um espírito elementar em evolução, estará solicitando a mesma para que possa atrair e comandar certos elementais que têm ação direta sobre o tipo de trabalho a ser executado. Que fique bem claro que Entidade espiritual que já passou por um processo evolutivo não precisa comer nem beber, muito menos de sangue de animais sacrificados, já os Elementais e certos Espíritos Elementares (quiumbas e certos obsessores) sim, pois pertencem a um nível astral quase que igual ao nosso e na verdade o que fazem é absorver a energia que emana desses elementos a eles oferecidos e não da matéria propriamente dita.
Quanto às oferendas utilizadas na Umbanda são oferecidas exatamente na intenção de liberarem ou como forma de canalizarem certas energias, que por sua vez serão absorvidas e usadas para a realização do trabalho proposto.
Quanto aos sacrifícios de animais, sabemos que é muito utilizado nos rituais de "troca de cabeça", como são conhecidos nos dias de hoje, esse tipo de ritual era utilizado por civilizações tão antigas que já foram até extintas; e em muitos casos até com o sacrifício de vida humana para que as "divindades", em troca, lhes proporcionassem bens nas mais variadas situações de vida. Hoje em resumo, esse ritual é utilizado para tirar de alguém certo mal, através da transferência da atuação que essa pessoa esteja sofrendo, para um animal de duas ou quatro patas que, segundo a regra, deve ser sacrificado a seguir para que sua energia vital possa ser absorvida pelos elementais ou obsessores, nesse caso verdadeiros vampiros, que atuavam no ser humano. Esse é um tipo de ritual perigosíssimo por colocar o médium e consulente em contato direto com as formas elementais do mais baixo grau.
Sabemos que essas oferendas podem ser representativas ou “votivas”2. Nós umbandistas não somos contra as oferendas, mas sim com o tipo e o excesso delas. Pois existem médiuns e assistentes dentro da Umbanda que acreditam piamente que só através de oferendas é que conseguirão os seus objetivos e fazem isto com tanto freqüência e fé que acabam “viciando” nesta prática a si mesmo e a entidade ou entidades oferendadas. Deveriam saber que com uma simples oração, conseguiriam seu intento, mas não o consegue por não estar habituado a fazer as coisas de maneira simples e espiritualizada, ou seja, precisa da matéria, de uma muleta psíquica para canalizar sua fé.
É claro que em determinados momentos elas são necessárias, mas não devem fazer parte do dia-a-dia do médium ou do consulente. Devem ser orientadas, explicadas e justificadas. Antes de mais nada, um verdadeiro umbandista deve sempre se preocupar em não poluir os reinos da natureza, considerar sempre a lógica e não esquecer de que a Umbanda considera a natureza como manifestação de Deus na terra, por tanto tem o dever preservá-la.
Um grande Caboclo dirigente de um terreiro de Umbanda ao sempre se deparar com médiuns e assistência lhe perguntando sobre qual oferenda se deveria entregar no dia de determinado Orixá, resolveu então passar uma receita básica que pode ser utilizada para qualquer Orixá ou Entidade. Vamos a ela:
“Material necessário:
· 01 pacote de amor, em pó, para que qualquer brisa possa espalhar entre as pessoas que estiverem perto ou longe de você;
· 01 pedaço (bem generoso) de fé, em estado rochoso, para que ela seja inabalável;
· Algumas páginas de estudo doutrinário, para que você possa entender as intuições que recebe;
· 01 pacote de desejo de fazer caridade desinteressada, em retribuição, para não "desandar" a massa.
Modo de Preparo:
Junte tudo isto num alguidar feito com o barro da resignação e determinação e venha para o terreiro.
Coloque em frente ao Gongá e reze a seguinte prece:
"Pai, recebe esta humilde oferenda dada com a totalidade da minha alma e revigora o meu físico para que eu possa ser um perfeito veículo dos teus enviados. Amém."
Pronto! Você acabou de fazer a maior oferenda que qualquer Orixá, Guia ou Entidade pode desejar ou precisar: Você se dispôs a ser um MÉDIUM!”
1- Animismo [do latim anima + ismo] – Teoria que considera a alma simultaneamente princípio de vida orgânica e psíquica. O termo Animismo foi cunhado pelo antropólogo inglês Sir Edward BI. Tylor, em 1871, na sua obra Primitive Culture (A Cultura Primitiva). Pelo termo Animismo, ele designou a manifestação religiosa na qual se atribui a todos os elementos do cosmos (Sol, Lua, estrelas), a todos os elementos da natureza (rio, oceano, montanha, floresta, rocha), a todos os seres vivos (animais, árvores, plantas) e a todos os fenômenos naturais (chuva, vento, dia, noite) um princípio vital e pessoal, chamado de "ânima", que na visão cosmocêntrica significa energia, na antropocêntrica significa espírito e na teocêntrica alma. Consequentemente, todos esses elementos são passíveis de possuírem: sentimentos, emoções, vontades ou desejos, e até mesmo inteligência. Resumidamente, os cultos animistas alegam que: "Todas as coisas são Vivas", "Todas as coisas são Conscientes", ou "Todas as coisas têm ânima".
2- Votivo (a): aquilo que é oferecido em cumprimento a voto, promessa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário