A Umbanda é uma religião de cunho assistencialista.
Esse fato se fundamenta primeiramente nos ensinamentos
de Nosso Senhor Jesus Cristo, que em sua infindável
sabedoria nos ensinou que devemos “Amar a Deus sobre
todas as coisas e ao próximo
como a nós mesmos” e que devemos fazer aos nossos
irmãos aquilo que esperamos que seja feito por nós.
A Umbanda é, assim,
em primeiro lugar uma religião baseada nos ensinamentos
cristãos.
A Umbanda também acredita, como outras religiões,
que nós, filhos de Deus, estamos em um contínuo movimento
de evolução. Estamos a todo instante agindo e sofrendo a
ações que tendem a nos projetar para frente no plano moral
e no plano espiritual. Assim, como uma forma de nos
depurarmos de erros passados e de encontrarmos
engrandecimento espiritual, devemos seguir o caminho da
humildade, da caridade e do perdão, tentando ajudar irmãos
a amenizar seus sofrimentos materiais e espirituais, quando
possível. Não somente nós encarnados, mas também
espíritos de desencarnados estão envolvidos nesta
responsabilidade de ajudar aos menos afortunados em um
ciclo constante onde os mais evoluídos ajudam os menos
evoluídos a galgarem os degraus da evolução.
Nesse aspecto, a Umbanda se baseia não só nos
ensinamentos cristãos como também as premissas do
Espiritismo de Allan Kardec. É fato inclusive, que no Brasil, o
Espiritismo assumiu, com nomes como Bezerra de Menezes
e Chico Xavier, uma forma mais assistencialista de trabalho
do que a primitiva matiz científica oriunda da França.
A Umbanda, finalmente acredita em tronos vibracionais
ou ainda Orixás, ou ainda Reinos de Energia da Natureza
cuja divina função é trazer para cada um de nós o equilíbrio
vibracional, moldando vícios em virtudes, anulando más
tendências e intensificando as boas qualidades.
A Assistência em um culto de Umbanda
Considerando que o assistencialismo é uma das
facetas da religião Umbanda, chegamos a uma pergunta que
embora pareça, não é tão fácil de responder. Como a
assistência se inclui no culto da Umbanda? A caridade em
uma casa de Umbanda é realizada de muitas formas
dependendo do funcionamento da casa. Em primeiro lugar
podemos considerar a caridade que se presta a espíritos
desencarnados que visitam esse local a fim de encontrar
conforto, orientação e paz.
Por esse mesmo motivo, algumas casas de Umbanda
em suas sessões (que é como são chamados os rituais ou
cultos de Umbanda) compreendem uma preparação especial
para que sistematicamente ou eventualmente (dependendo
da sessão e da casa) se possa receber a visita destes
espíritos e se possa prestar a devida caridade a eles.
Outro ponto a se considerar, falando de caridade, é o
que se presta aos próprios filhos de santo da casa
(conhecidos também, entre outros nomes, como filhos de fé)
Essas pessoas, em geral médiuns (das mais variadas
aptidões mediúnicas) podem encontrar na casa, em seus
irmãos, e nas figuras de chefia, a orientação necessária e a
força indispensável para lidar com sua espiritualidade, e
direcioná-la para o bem.
Finalmente, as casas de Umbanda também se
destinam a fazer caridade a uma comunidade de pessoas
que não pertence ao corpo de trabalho da casa. Nesta
categoria de assistencialismo, o qual é o principal motivo
deste texto, costumam se basear a maioria das sessões de
trabalho das casas de Umbanda.
Colocando à parte rituais fechados (como Batismos,
Festas, Rituais de Limpeza, etc), a grande maioria das
sessões de Umbanda são abertas à comunidade. Em um
lugar característico das casas de Umbanda, conhecido como
assistência, as pessoas da comunidade (ou mesmo pessoas
que venham de localidades distantes), que não pertencem ao
corpo de trabalho da casa, observam os cultos ritualísticos
de uma sessão e se beneficiam dele.
Assim, as pessoas da assistência são defumadas, e
após as incorporações dos médiuns, são convidadas a
adentrar o terreiro para receberem passes e se consultarem
com as entidades (exus, caboclos, pretos-velhos, crianças,
mestres do oriente, etc).
Uma pessoa da assistência pode receber caridade de várias
formas, como: descarga, desobsessão, conselhos sobre
questões materiais ou espirituais, emanações curativas, etc.
Outros tipos de serviços à comunidade não
relacionados estritamente com os cultos da casa podem
também ser realizadas. Algumas casas de Umbanda
oferecem, por exemplo, parte ou todo o seu espaço físico
para realização de palestras ou cursos de interesse da
comunidade. Também podem ser feitas campanhas de
arrecadação de recursos (como alimentos ou agasalhos).
Podem ser ainda oferecidos materiais de estudos sobre a
religião Umbanda e os seus rituais. Uma questão importante
discutida em algumas casas de Umbanda sobre as sessões
fechadas à assistência.
A Umbanda como já foi dito, tem a missão de
propagar uma mensagem de amor e caridade. Por isso;
porque essa mensagem tem que ser propagada, ela não
pode ficar limitada apenas aos adeptos do culto, ou seja, ao
corpo mediúnico. A caridade deve ser oferecida a todos
aqueles que precisam dela.
Por outro lado, sabemos que uma máquina não pode
funcionar sem manutenção. Por isso, acredito que às vezes
é melhor que se façam sessões fechadas (para
desenvolvimento dos médiuns, limpeza espiritual da casa e
dos médiuns, etc) para que se possa oferecer uma casa e
um corpo de trabalho bem preparados, para prestar a
caridade à assistência em sessões abertas.
A influência da Umbanda na Assistência e a influência da
Assistência na Umbanda
Duas questões polêmicas nas quais as casas de
Umbanda estão envolvidas sobre a assistência é qual o
papel de fato da Umbanda na vida das pessoas que
freqüentam seus rituais e ao mesmo tempo, qual deve ser a
postura de uma pessoa enquanto participante da assistência
em um ritual de Umbanda. Estas duas questões, acredito,
guardam íntima relação entre si.
A primeira questão tenta descobrir como as pessoas
que participam de assistências de cultos de Umbanda, vêem
esses cultos e a própria Umbanda. O que destes cultos e das
vivências neles apreendidas, elas levam para suas vidas
quotidianas? Como essas pessoas se definem em termos de
religião?
É certo que não podemos generalizar. Assim como em
qualquer coletividade, também em uma assistência estarão
presentes pessoas com pensamentos, anseios e posturas
diferentes. Mas a questão que se impõe é se é necessário
que essas pessoas tenham um mínimo de conhecimento do
que é a Umbanda e seus cultos. E se realmente precisam
enxergar a Umbanda como religião e até mesmo como a
religião delas.
Uma premissa muito importante enunciada pela
Umbanda é que não se deve negar ajuda a ninguém. Assim,
partindo deste princípio não podemos cobrar de uma pessoa
que se ela freqüenta os cultos de uma casa de Umbanda,
ele se declare como Umbandista.
Sabemos que a Umbanda ainda sofre de muitos
preconceitos, e que decorrente disso muitas pessoas que
freqüentam cultos de Umbanda têm medo de serem rotulados
pejorativamente. Também pela origem multifacetada da
Umbanda e também pela premissa de ajudar a todos, não
podemos e nem devemos proibir a participação de irmãos
oriundos de outros religiões.
Por outro lado, podemos considerar que a falta de
identificação pode causar uma falta de compromisso. Por isso
talvez, sejam tão comuns as queixas sobre pessoas da
assistência que vão às sessões de Umbanda apenas para
“pedir coisas” mas não honrem as sessões com comportamen-
tos condizentes com os de uma casa religiosa, ou seja,
vestem-se de maneira imprópria, conversam em momentos
inoportunos, entre outras coisas.
Algumas pessoas apenas visitam uma casa de
Umbanda quando estão com problemas. Isso significa que
não fazem da Umbanda uma opção religiosa constante.
Utilizam as sessões de Umbanda como “fast-food de consulta”
, isto é, quando precisam, vão até lá, pedem o que precisam e
vão embora abandonando o local até que a próxima
necessidade os faça regressar.
Outras há que vão apenas aos dias de festas. Elas
podem estar encarando a Umbanda como uma bonita
manifestação da “cultura popular brasileira”, ou seja, uma
atração turística ou ainda “coisa para inglês ver”. Visitam,
acham bonito, mas não apreendem o real significado da
religião praticada ali.
A outra questão, também de extrema importância, é o
que a participação da assistência contribui para a sessão.
Uma assistência participativa tem o mesmo resultado para
uma sessão do que uma assistência apática? O que é mais
interessante para a Umbanda, uma assistência ignorante
sobre os conhecimentos (pelo menos as bases da religião)
ou uma assistência consciente do que são os rituais
(como momentos de uma sessão, pontos cantados em cada
momento, etc) e dos porquês destes rituais.
Eu penso que essas duas questões estão
inter-relacionadas porque acho que quanto mais as pessoas
que compõem uma assistência estão integradas no culto,
tão mais elas respeitarão este ritual, participando ativamente
dele, entendendo como e porque devem se comportar a cada
momento.
Elas entenderão melhor que a religião não se pratica
somente dentro dos templos, mas em todo o lugar.
Elas aprenderão que também elas têm a responsabilidade de
fazer a caridade e semear a paz e amor ao próximo.
(M.S.C. - Um Trabalhador Humilde)
Fonte:http://cethrio.vilabol.uol.com.br
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