Por Mônica Berezutch
Irmãos leitores, houve época em que as médiuns eram proibidas de serem dirigentes espirituais, sacerdotisas, mães, etc, mesmo que elas já estivessem preparadas. Nesta época elas não podiam ser ogãs, ou seja, aquelas que tocam ou assumem a responsabilidade da curimba (atabaques) do terreiro.
A mulher assim que soubesse da sua gravidez era afastada, pois a mesma não poderia trabalhar na corrente. E quando essa mulher incorporava, guias masculinos, precisava amarrar-lhe um pano em seu corpo para bloquear as energias femininas.
As mesmas não podiam “trabalhar” no seu terreiro, quando estavam menstruadas, justificando que seu corpo estava aberto e, assim sendo, impuro.
As indiferenças, os preconceitos, pressões e humilhações foram atitudes vindas de uma sociedade machista que julgava-se superior, que refletiam na época, na vida espiritual, social e afetiva. Mas, mesmo assim, a mulher confiou na dualidade de Pai/Mãe Olorum e, principalmente, tempo/evolução.
Quero acreditar que os tempos mudaram, evoluíram, e que as mulheres estão sendo consideradas médiuns independente do seu estado; que fazem parte do corpo mediúnico de um terreiro em igualdade com os demais.
Desde os primórdios da Umbanda, as mulheres podiam incorporar Orixás masculinos e também guias como Caboclo, Preto Velho, Baiano, Boiadeiro, Marinheiro, Ciganos, Exu e Exu Mirim, e já tinham como guia chefe, mentor ou guia de frente uma entidade masculina. São tantas as mulheres, senhoras, meninas, moças, idosas que trabalham, e se formos analisar, hoje a maioria dos terreiros é composta por um número maior de mulheres médiuns.
Muitas mulheres são tão guerreiras, líderes, inteligentes quanto os homens. Não há diferença para Pai/Mãe Olorum, pois na sua dualidade gerou de seu interior seres masculinos e seres femininos, com o mesmo princípio e genética, os criou e os dotou com qualidades, atributos e atribuições iguais.
Tem pai sacerdote, dirigente espiritual que até hoje não incorpora Orixás femininos, como também não incorpora Cabocla, Preta Velha, Cigana, Erê feminino, Pomba Gira e Baiana.
Muito raramente você encontra em terreiros um dirigente masculino tendo como mentora, guia chefe ou guia de frente uma entidade feminina.
Nós umbandistas reclamamos da discriminação, do preconceito, da falta de respeito com as nossas práticas religiosas, porém falta entendimento mútuo para os próprios umbandistas.
E quando um dirigente espiritual, rompe estas barreiras preconceituosas e pratica a doutrina umbandista com igualdade, é considerado no próprio meio um inconseqüente, e passa a ser visto como um adversário.
Os fundamentos umbandistas e as leis que regem a base ritualística, não ditam que homens e mulheres tenham atitudes diferenciadas dentro dos terreiros.
Apesar de tudo, e graças ao Divino Trono do Tempo, tudo na vida renova-se e evolui, pois é uma lei natural gerada e criada pelo Divino Pai/Mãe Olorum.
Enquanto houver pessoas que acreditam na igualdade do ser humano e sabem que a dualidade de Pai/Mãe Olorum é infinita, continuarão praticando e respeitando as suas leis imutáveis que são eternas. Enquanto os seres humanos acreditarem na sua igualdade e na dualidade de Pai/Mãe Olorum, continuarão a manifestar de seu íntimo o amor incondicional. Parabéns Pai/Mãe Olorum.
Um grande abraço.
Monica Berezutchi é Sacerdotiza do Templo da Luz Dourada
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